[Retroprojetor #50 Pague uma, leve duas] A Hospedeira

12 de abril de 2013


The Host
Direção: Andrew Niccol
Genêro: Ficção Científica/Romance
Duração: 125 minutos
Orçamento: US$ 44 milhões
The Host conta a história de Peregrina e Melanie Stryder, duas almas que dividem um único corpo. A primeira é uma alienígena que chega à Terra para viver no mais novo planeta conquistado pela sua espécie. A segunda, uma humana que resistiu à invasão. Após sua captura, Peg é implantada no corpo de Mel para revirar suas memórias e descobrir o paradeiro dos humanos da resistência. Mas Melanie não está disposta a deixar o corpo para a invasora, ou a deixar para trás aqueles que ama. Seus sentimentos contagiam Peregrina que, de repente, se vê fazendo coisas nada comuns a sua pacífica espécie. E agora?

Semana passada eu e a Thainá fomos ao cinema ver a adaptação do livro A Hospedeira, da Stephenie Meyer, que foi para os cinemas com o mesmo nome. O livro foi lançado aqui em 2009, logo depois da saga Crepúsculo, e foi uma das nossas primeiras resenhas, como você pode ler aqui. Assim, resolvemos fazer uma experiência e escrever um Retroprojetor duplo para vocês! Um parágrafo pra cada uma - Marcelle em preto, Thainá em Azul - como vocês vão perceber (por que nós discordamos em quase tudo, é claro). O que acham? Esperamos que dê certo e que vocês se divirtam lendo!

Quando anunciaram o filme de The Host, eu fiquei muito cheia de ressalvas. Por que ele é um livro muito, muito bom, e eu tinha aquele carinho com os personagens, com seus trejeitos, com as situações. Eu tinha uma visão muito clara de quem era quem e eu tinha um fancasting muito respeitável, obrigada e estava preocupada desde o começo por que um dos mais importantes pontos de um filme adaptado é o casting. Eu acompanhei a escolha e, sou obrigada a admitir, fiquei infeliz quando vi que Max Irons e Jake Abel dariam vida aos mocinhos do livro. A desconhecida Saoirse também não me agradou, principalmente por causa da idade. Na verdade, na verdade, foi o que mais me incomodou nas escolhas: eles são tão insuportavelmente novos que eu sabia que tudo ia virar outro Twilight (e que porcaria isso teria sido).

O casting escolhido para o filme não foi mesmo dos melhores, eu diria. Mas, apesar de muitos personagens não serem como eu imaginava, ou mesmo nem perto de como foram descritos no livro, o ator que me faz ter do que reclamar do casting é o Jake Abel, que interpreta o Ian. Acho difícil falar do Ian sem dar spoilers, mas ele é um personagem muito interessante, com suas dúvidas e sentimentos conflituosos, com sua brutalidade e humanidade. Não vi nada disso no Jake Abel, e muito menos fui seduzida.
Eu gostei da Saoirse Ronan de Peg, possivelmente a melhor atriz no filme. O Max Irons, de Jared, poderia ser bom se não fosse o Jared. O Jared é um homem forte e cheio de decisões, do tipo que impõe respeito facilmente. E o Max tem aquele olhar perdido de menino inocente. Também achei que a Diane Kruger se saiu bem de Buscadora, apesar dos pesares

Na verdade, eu acabei adorando o filme. Por que, apesar das minhas ressalvas com o cast, eles trabalharam tão bonitinho, tão centrados, tão convincentes. Saoirse me surpreendeu, a buscadora estava sensacional e Max até encarnou a aura de machão do Jared, mas por causa da idade, pareceu que o personagem estava representando um papel Isso aí, voce nao leu errado. Como boa fangirl do Jake Abel (desculpa, sociedade), eu ficava suspirando toda vez que ele aparecia e sussurrava as falas do Ian O'Shea. Fiquei horrorizada nas primeiras vezes que ele apareceu Jake, querido, você precisa comer, mas ele foi crescendo no decorrer do filme, e conforme o personagem ia ficando mais doce, meu Ian ia aparecendo com porn hair.

Eu diria que a adaptação desse filme é suspeita. Em adaptações de livros em filmes, a equipe costuma escolher um rumo para tomar e acaba negligenciando algumas partes enquanto supervaloriza outras, sempre há do que se reclamar, mas é normal. Nesse filme, foram escolhidas algumas partes aleatórias (?) para serem adaptadas e filmadas. As coisas aconteceram fora de ordem e de maneira não muito clara. Mas é claro que é muito difícil julgar a clareza de um filme se você já leu o livro. O fato é que, com certeza, a dificuldade de se transformar quinhentas páginas em duas horas é imensa. Também achei que personagens muito legais foram super minimizados, como o Doc e o Kyle. Mas, por outro lado, não consigo imaginar como todos teriam a atenção merecida dentro do tempo do filme. 

Também fiquei meio assim com a adaptação. Li o livro há duzentos anos atrás (primeira resenha, lembra?) e  já não lembrava dos detalhes, e acabei ficando meio perdida. Muito do que era importante não foi realmente discutido, e quase todas as questões sobre a aceitação da Peg na comunidade da resistência passaram batidas. O filme centrou-se na perseguição da buscadora e em meia duzia de outros personagens, e todos os outros eram figurantes, sem opinião e sem participação maior do que aparecer na sala de jantar ou catando trigo. Kyle, que eu adorava odiar, foi suprimido pelo romance do quarteto principal que na verdade é um trio, mas vá lá, meu Jamie quase não teve importância, e o Doc, ai meu Doc, só estava lá. Provavelmente por que o livro tem mais de 500 páginas, mas acabei achando que o filme só deu uma pincelada nas coisas. Foi mais um "olha aqui as cenas daquele livro muito bom no cinema!" do que um "senta que eu vou te contar uma história". Live Action, e não adaptação, propriamente.

Eu já critiquei o casting e a adaptação, escolher a maior falha está parecendo difícil. Talvez a falta de profundidade da história. O livro provoca umas discussões muito interessantes sobre a diferença entre as formas de vida em outros planetas; sobre a convivência de diferentes espécies, como isso pode ser bom ou ruim, se valeria a pena perder o controle de si mesmo em troca de paz; sobre amar o inimigo. Ou mesmo a profundidade de emoções: a dor, o desejo, o amor. Achei tudo isso superficial no filme, as questões são até apresentadas, mas não desenvolvidas.

Acho que a maior falha do filme foi não ter dado tempo pra desenvolver os personagens e seus relacionamentos. Nós vimos tao pouco do Kyle, do Jamie e até do tio Jeb. Pareceu que eles tentara colocar só o essencial de cada personagem e conflito, e acabaram não focando muito em nada. Já o melhor traço do filme foi a atuação da Saoirse, que conseguiu ser duas em uma. Ela era coesa, inteira, mas ainda assim conseguia esconder e mostrar tudo que era Mel e Peg. O olhar, a expressão, a voz delicada da Peg e a revolta da Mel que só se via nos olhos... uma boa descoberta para o mundo do cinema, certamente. Diane Kruger também estava incrível. Você quase podia ler obsessiva em todos os movimentos dela. Dando arrepios.

A Hospedeira é um filme que, se você for assistir sem nenhuma pretensão, pode ser agradável e divertido. Afinal, estamos falando de um romance aqui. Os cenários também são bastante dignos, mas, no geral, não é um filme que eu recomende. Achei fraco tanto para quem leu quanto para quem não leu. Mas também não vou te proibir de assistir, só aconselho manter as expectativas baixas e o bom humor. 

Eu gostei muito do filme. Os cenários estavam sensacionais, bem como eu imaginava de acordo com o livro, assim como boa parte das situações de fato e os olhos dos corpos habitados pelas almas, marca registrada da invasão. Adorei as atuações, as frases, as sutilezas para demonstrar as diferenças entre as raças que disputam o planeta e até os próprios corpos. Tirando uma ou três cenas bizarras e aquela atriz super esquisita que eles arrumaram pra resolução da história, acho o filme bem válido para quem leu o livro, por que ilustra muito bem a história. Pra quem não leu, de repente The Host não vai parecer tão completo quanto deveria, mas ainda vai ser um romance interessante, numa situação instigante. E tem aliens, o que, pra mim, sempre é um ponto positivo. De todo modo, eu me diverti, achei bom, e, se estivesse passando por aqui por perto, eu até via de novo. Recomendo sim, com força, por que foi amor! 

Como vocês podem ver, nós duas tivemos opiniões bem diferentes do mesmo filme, apesar de termos concordado em algumas coisas como que o Jake/Ian precisa desenvolver uma pegada. I VOLUNTEER!. Dê sua opinião também! Viu e não gostou? Ou gostou? Ou nem viu e já desistiu? Ainda vai dar uma chance? A gente quer saber!

Beijo, beijo,
Celle e Thai.
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