A vida na porta da geladeira
Alice Kuipers
226 páginas
Editora Martins Fontes
Em A vida na porta da geladeira, acompanhamos Claire, uma menina de 15 anos, e sua mãe, uma médica super ocupada em um ano bem complicado para as duas. Na verdade, acompanhamos os bilhetes que elas deixam uma para outra na geladeira.
Acredito que o que mais chama atenção nesse livro é a forma que ele é escrito. Eu já li alguns livros na forma de e-mails, cartas, mensagens, diários e até um em formato de tweets. Mas nunca vi nada parecido com esse, bilhetes. E não desses que nós vemos em alguns livros, que as pessoas trocam em sala. Bilhetes entre mãe e filha, avisando que vão sair, que vão demorar ou a lista de compras. Bilhetes trocados entre duas pessoas que moram na mesma casa, mas que quase nunca se vêem por causa da vida tão corrida que as duas levam.
E, claro, essa é sim a parte mais interessante do livro, na minha opinião. Grande parte dos recados é bem simples, mas, com o tempo, algumas complicações surgem e temos alguns bem bonitos e emocionantes. O que mais me impressionou foi como a autora conseguiu mostrar bem a vida da duas apenas sem forçar a barra, sabem? Eu imaginei que poderia me deparar com recados enormes, que eu não conseguiria acreditar que alguém fosse realmente escrever aquilo antes de sair. Mas não é por aí não, acreditem. Cada recado ocupa uma página, e eles são tão curtinhos que acredito que esse tenha sido um dos livros que eu li mais rápido em toda a minha existência. Na contra-capa do livro está escrito que ele mostra como se pode dizer muito com poucas palavras. É exatamente assim.
No entanto, por mais que, em meio aos recados, seja desenvolvida uma história bem tocante, não acho que ela tenha se desenvolvido ao máximo. Sim, há um impedimento claro, que é como a história é escrita, mas acho que ainda assim é um pouco decepcionante. O jeito que as personagens se comportavam, mesmo em meio aos vários problemas em suas vidas me irritava um pouco (Eu torcia para elas pararem com aqueles bilhetes e começarem uns diálogos, vejam só!). E, além disso, o livro acabou tão, tão rápido. Eu fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa. Gostei da história que foi contada, mas gostei mais de como ela foi contada.
Para mim, esse livro vale a pena ser lido pela experiência. Quantos livros em forma de bilhete com uma história marcante vocês já leram? Não muitos, acredito eu. Ele ainda deixa aquela mensagem de dedicar mais tempo para quem você ama. Então, é uma leitura bem válida, que acho que vai mexer com muita gente. Mas, infelizmente, a história não me conquistou por completo não.
Beijos, beijos
Julia