Mentes Sombrias - Sérgio Pereira Couto

6 de janeiro de 2013

Mentes Sombrias
Sérgio Pereira Couto
Universo dos Livros
240 Páginas

Mentes Sombrias conta a história de um policial forense da cidade de Little Rock que se vê num caso peculiar: imitando os crimes de Jack, O Estripador, um misterioso chefe de uma rede social do submundo gótico está aterrorizando toda a cidade. Cabe a Tony Draschko, junto com o novo parceiro "cara de coruja", mergulhar nesse mundo desconhecido e diferente para resolver o caso e acabar com o que está tirando o sono - e a vida - de muitos figurões da cidade.

 Esse foi o primeiro livro nacional do gênero que eu li e, preciso admitir, não gostei nadinha. Talvez seja por que eu já estou acostumada com o padrão de livros e séries e filmes policiais que tenho o costume de acompanhar, mas a verdade é que Mentes Sombrias não despertou em mim o interesse ou desenvolvimento a que se propôs.

    O autor não é novo no ramo, escreveu mais de 45 livros, com mais de 100 mil exemplares vendidos; então eu fiquei me perguntando, o que deu errado em Mentes Sombrias? O livro é continuação do Mentes Criminosas, a primeira história com o agente Drashcko que o apresentou propriamente e expôs devidamente suas origens. Talvez por que eu perdi essa introdução do protagonista, eu não tenha me empolgado muito com ele. Ou não. Tony é bem chato, descrito de maneira um tanto quanto simplória e infantil. E, embora ele seja tratado por todos ao seu redor como um super profissional, no decorrer da história nós não vemos muito disso. E os outros personagens, embora tenham sido todos bem apresentados e embasados, foram desenvolvidos de maneira estranha. Se apaixonavam rápido demais, sofriam demais. Eles eram muito intensos sem nenhum motivo, e isso me incomodou.
 
     Mas o livro não é feito apenas de pontos negativos! Gostei muito de como o autor amarrou as origens brasileiras do personagem principal com a vida nos Estados Unidos, de modo a tornar sua presença lá convincente. Quero dizer, em livros nacionais é comum vermos histórias se passando no Rio e em São Paulo, com personagens com nomes corriqueiros - o que sempre me soa estranho, apesar de ser o correto - ou então nestes mesmos locais com nomes estrangeiros, ou ainda lá fora com nomes daqui. Eu nunca me entendo bem com os nomes e os locais nos livros nacionais, e acho que Sérgio Couto arrumou direitinho o cenário da sua história, o passado e o presente dos personagens e tudo mais.

      Outro detalhe que achei bem interessante foram os trechos das músicas que marcavam presença no início dos capítulos  E, embora eu tenha achado todas as partes em que as letras participavam da história um tanto quanto forçadas, - como nas cenas em que elas tocavam no rádio e iam construindo os pensamentos dos personagens -, achei muito legal como todos os trechos presentes nos inícios de capítulos norteavam o que acontecia na história, de fato. Um detalhe bem legal, bem arquitetado e que deixou tudo mais adorável e crível. Não cheguei a escutar nenhuma das músicas, mas reconheci algumas bandas e canções. Achei um recurso bem interessante e bem explorado na história.

     Meu maior problema com o livro foi mesmo o estilo da escrita do Sérgio, que me incomodou. É estranho, não muito fluído, difícil de empolgar. Peguei e larguei o livro várias vezes durante a leitura, e nunca conseguia acompanhar por muito tempo. O tal crime perfeito que me foi prometido, estilo CSI, não teve assim tanta importância, no final das contas. Muito embora a premissa fosse forense, o livro se deteve muito mais no trabalho de detetive normal no melhor estilo corra que lá vem o bandido que na análise  de evidências. Suspense? Ação? A história tentou se construir por aí, mas alguma coisa não colou. Mentes Sombrias simplesmente não me levou àquele envolvimento e curiosidade que um suspense policial deve levar. O vilão onipresente era um tanto quanto exagerado, assim como o medo que todo mundo sentia dele; as reações dos personagens a toda e qualquer coisa era digna de novela; e toda a super elaboração do enredo levou a um desfecho meio blé. Sérgio tentou nos empurrar um inexplicável pacto forçado entre famílias tradicionais, segredos superestimados que todo mundo sabia e uma visão teoricamente mais profunda do "submundo gótico" - que no final das contas deixou a coisa parecendo mais cavernosa e assustadora do que realmente deve ser. A verdade é que ficou tudo meio forçado e no final da história nada me agradou, por que eu gosto de ver os motivos, os porquês e as justificativas, e não fiquei convencida de que dali sairia um crime. E em histórias policiais, para mim, o importante é que seja tudo crível, possível e ainda sim engenhoso. Infelizmente, não vi muito disso em Mentes Sombrias.

       Então, era isso.  Não é um livro que eu recomende, embora eu ainda ache que você deva dar uma chance se é fã de policial. Eu sou bem chata com livros, então não fique assustado se ele já estava na sua pilha de leituras. Sérgio Pereira Couto é um autor nacional moderninho do estilo, e sempre acho válido dar uma chance aos nossos autores. Fiquei com vontade de ler outro policial nacional, no entanto. Eu comecei um, mas era emprestado e eu devolvi sem anotar o nome. Conhecem algum outro autor nacional de policial para indicar? Sugere aí, gente! De qualquer modo, taí meu parecer sobre o livro. Mas não se intimide, se você leu Mentes Sombrias e gostou, diz por quê!

Beijo, beijo,
Thai.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Layout por Thainá Caldas | No ar desde 2010 | All Rights Reserved ©