Garotas de Vidro - Laurie Halse Anderson

30 de maio de 2012


Garotas de Vidro 
Laurie Halse Anderson
272 páginas
Editora Novo Conceito

 Em Garotas de Vidro, mergulhamos na vida de Lia e em seus pensamentos. Filha de pais separados que parecem sempre ocupados demais. Sua mãe é uma cardiologista, seu pai um escritor e, sinceramente, parecia que só sua madrasta tinha algum tempo para ela. Mas o maior problema de Lia não é esse. Ela quer sempre estar mais magra, sem comer, mais mais magra. E, quando sua ex-melhor-amiga Cassie morre, após ligar para ela 33 vezes, Lia se vê cada vez mais perdida em sua própria cabeça. Cassie era bulímica. Lia não faz ideia de como ela morreu.

  Anorexia. Eu nunca havia lido um livro sobre o tema e nem ao menos ouvido falar. E ver toda a história de passando dentro da cabeça da própria Lia é pertubador e esclarecedor ao mesmo tempo. Se o livro fosse narrado em terceira pessoa, ele perderia grande parte de seu impacto. Lia fica sem comer porque ela quer pesar cada vez menos. Ela já foi internada, ela também está também está com depressão, ela e seus pais são cientes de que suas doenças são muito graves. E, de certa forma, todos se sentem impotentes. Lia vê comida como calorias. Cada vez que ela fala de comida, há entre parênteses a quantidade de calorias que ela contém. E, ao ver o mundo pela cabeça dela, eu sabia o quão errada ela estava, mas não a condenava, não a achava irritante, nada. Eu me sentia triste por ela. Seus pais, por outro lado, estão sempre tentando ajudá-la e, embora ela constantemente reclame disso, não os vemos como vilões. Porque, de certo modo, nós também estamos dentro da cabeça deles. É a nossa. É como nos sentimos ao ver Lia se auto destruir.  

   Cassie, por outro lado, é bulímica. Ela morre logo no começo do livro e só a conhecemos pelas lembranças de Lia. Mas, claro, a autora soube explicar seu disturbio alimentar muito bem também. E, embora sua morte seja muito importante para a história em si, ela não é o tema do livro. Não leiam imaginando que haverá qualquer tipo de investigação, pois descobrir como ela morreu não é o ponto pricipal, mas sim como sua morte afeta a cabeça de Lia. 

   A escrita da autora me encantou. Ela tem um jeito um pouco peculiar de descrever as coisas e as pessoas, o que tornou o livro mais crível. Lia tem uma série de problemas, ela é depressiva, então é óbvio que ela tem um jeito de pensar nas coisas diferentes. Todos nós somos assim em nossas mentes, por que não ela? A única coisa que me incomodou foram as (elas voltaram!) palavras riscadas desse jeito. Acho que nesse livro funcionou melhor, mas a overdose que eu tive delas em Estilhaça-me já me enjoou. Espero que a moda não pegue.

  Outra pequena critíca é que, apesar de achar que a cabeça de Cassie tenha sido muito bem explicada, faltaram elementos para eu entender melhor a história. Não sabemos como começou. E, de certo modo, Lia é muito sozinha. Eu gostaria de ter visto sua vida social, como ela lida com as pessoas e esses problemas. Óbvio, não esperava que ela fosse super popular ou nada, mas esses problemas costumam estar mais próximos do que imaginamos. Nunca conheci ninguém com o distúrbio tão grave como Lia ou Cassie, mas sim, já tive amigas que piravam ou passavam fome para emagrecer. 

Por fim, o livro está recomendado. Escrita envolvente e um tema polêmico e pouco abordado. Lia pode te irritar com a negação que ela tem por comida, mas vale a pena entender melhor o que se passa na cabeça dela. Ótima leitura. Já estou correndo atrás de outras obras da autora!

beijos
Julia
 
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