O Herói Perdido
"The Lost Hero"
Rick Riordan
Intrínseca
439 páginas
O Herói Perdido é continuação praticamente direta da série Percy Jackson e Os Olimpianos, então se você não leu os livros esta resenha conterá, certamente, algum nível de spoiller.
Isto dito, posso contar que a história de O Herói Perdido se passa pouco tempo depois da guerra dos titãs, nas primeiras férias depois da batalha épica dos semi-deuses pelo Olimpo (e pelo mundo, é claro). Mas, diferentemente da primeira série, esse livro não conta com a presença do filho de Poseidon. Na verdade, descobrimos logo nas primeiras páginas que ele é que o tal herói perdido. Então, ao invés do nosso protagonista habitual, nesse livro conhecemos três carinhas novas; Jason, Piper e Leo, que dividem a narração da história tal como os Sadie e Carter nas Crônicas dos Kane, também do Rick.
Jason acorda no banco de trás de um ônibus escolar sem nenhuma ideia de como foi parar ali, de mãos dadas com uma garota bonita e com um suposto melhor amigo afeito a piadinhas e brincadeiras. A única certeza que tem em sua amnésia, é que não deveria estar ali. Mas quando eles são atacados por espíritos da tempestade numa ponte de ferro, Jason saca uma moeda - isso mesmo, uma moeda - que se torna uma espada de ouro ameaçadora e voilá, herói em ação.
Depois de afastar os espíritos da tempestade e até realizar um voo, Jason e os amigos são levados para o acampamento meio-sangue por uma nervosa Anabeth. Lá, são apresentados a vida do acampamento, à história do herói perdido, Percy, e reivindicados por seus pais deuses. Piper é uma relutante filha de Afrodite, Leo um surpreso filho de Hefesto e Jason um misterioso filho de Zeus. Aos recém-chegados é logo dada uma missão, e eles partem pelos Estados Unidos com um prazo apertado para salvar uma deusa, o mundo, recuperar as memórias de Jason e entender os mistérios da batalha que está por vir.
O livro segue a mesma linha de Pirâmide Vermelha e, talvez por isso, não tenha me agradado tanto quanto os primeiros livros do universo olimpiano. Ou talvez eu simplesmente tenha sentido falta demais do filho desparecido de Poseidon
A aventura tem os mesmos moldes das outras do acampamento meio-sangue, e nós vemos carinhas conhecidas aqui e ali pela história, mas as estrelas agora são outras, três das sete que foram anunciadas na primeira grande profecia da oráculo ruiva e fofa Rachel Elizabeth Dare.
Apesar de gostar, como boa fã do Rick que sou, desse primeiro volume de Os Heróis do Olimpo, tenho um monte de ressalvas. Não gostei muito dos novos heróis, ou melhor, não gostei do quão óbvios e estereotipados eles se apresentaram. Não sei se foi a tradução ou o que, mas eles soaram muito planos. As palavras eram rasas pra descrever os sentimentos deles, os pensamentos deles. Coisas como "fazia pra chamar a atenção" ou "ela ia trair todos eles" e "guardava um grande segredo" eram tão irritantes e superficiais que me incomodaram terrores. E isso, infelizmente, acontece com os três personagens, embora aconteça mais com a Piper. É provavelmente o motivo pelo qual eu não gosto dela. Nem um pouquinho.
Talvez seja por que a narração já não é tão íntima quanto em Percy Jackson, ou por que os personagens já são mais velhos e vem com sua história pronta, mas não consegui empatia completa com eles. Somente Leo, o filho de Hefesto comediante mais lindo do mundo, conseguiu me conquistar. Ele tem a história mais interessante, o papel mais importante, os poderes mais legais e os maiores planos pro futuro, embora seja meio ofuscado por Jason. Sabe como é, o cara detém os louros de ser filho de Zeus, chefe da equipe, voar e ser treinado em batalha em algum lugar misterioso. Essas coisas. Super curto o Jason.
Problemas de identificação à parte, Herói Perdido é mais uma das encantadoras histórias de Rick Riordan, com seu já tradicional aprenda brincando. É divertida, dinâmica, cheia de surpresinhas e dos heroísmos que esperamos de, bem, heróis. E dessa vez, temos a mistura do universo romano com o grego, traçando um paralelo que nos levará a uma nova ameaça ancestral e a tentativa de uma aliança entre dois grupos de semideuses que há muito se esqueceram. É bom, mas não é ótimo. Levo um pouco mais de tempo pra ler do que de costume, mas amo o livro assim mesmo. Eu simplesmente adoro o modo de conduzir a história do Rick, adoro quem são, como agem, toda a personalidade dos personagens, mesmo com os defeitinhos que eu comentei ali em cima. Eles meio que parecem de verdade, são adolescentes comuns, mas o modo como eles foram justificados que foi esquisito. Se é que isso faz algum sentido.
Enfim, recomendo. Vale a pena por que é do Rick e por que é o primeiro da série Heróis do Olimpo, cujo segundo volume acaba de ser lançado e nos traz de volta nosso amado Percy, além de também apresentar toda um grupo de novos semideuses divertidos e prontos pra salvar o mundo. E eu super estou apostando no segundo volume. Conto pra vocês depois.
Beijo, beijo,
Thai.