Cidades de papelJohn GreenEditora Intrínseca361 páginas2013
Vamos começar partindo do princípio de que estamos falando de John Green aqui e acho que eu dificilmente julgaria mal um livro dele a essa altura do campeonato. Ou talvez, pelo contrário, se acaso eu começasse a ler um livro menos que maravilhoso - não pela história, mas pelo jeito que ela é contada - do John Green, acho que seria o fim de uma era e meu mundo cairia.
Deixando o drama de lado, vamos falar de Cidades de papel, por enquanto o meu livro menos preferido do John Green.
Quentin Jacobsen (sempre os belos nomes) é um adolescente nerd platonicamente apaixonado por sua vizinha Margo Roth Spiegelman. Quando pequenos, eles brincavam muito juntos pela vizinhança, no bairro de Jefferson Park, em Orlando. Até que um incidente muda bastante coisa na vida deles.
Hoje Margo é a rainha da escola e Quentin é só um nerd, eles nem se falam mais, mesmo que ainda sejam vizinhos. Até que em uma noite, até então, como qualquer outra, Margo aparece na janela de Quentin e o obriga a partir em uma missão. Margo é uma personagem doida e exagerada e cria situações doidas e exageradas daquele bom jeito que o John Green tem para fazer a gente entender o que ele quer. Ou o que nós quisermos. Eu gosto muito desse estilo que está em todos os seus livros que eu já li (tipo um cara namorar 19 Katherines).
Depois dessa noite louca e maravilhosa, Quentin não sabe o que esperar de Margo no dia seguinte na escola. Será que ela falaria com ele? Fingiria que nada aconteceu? Mas o que ele não esperava, mesmo que não fosse muito incomum, era que Margo não aparecesse. Nem no dia seguinte e nem no próximo. Tratando-se de Margo Roth Spiegelman, o jeito era esperar.
Enquanto esperava, Quentin e seus amigos, e aqui eu introduzo os personagens mais legais do livro, Radar e Ben, começam algumas mudanças pelo colégio. Afinal, sem Margo, aquilo estava virando uma verdadeira bagunça. Em meio a isso, Q descobre que Margo deixou pistas para ele (também não incomum) e parte na missão de encontrá-la.
As pistas não são simples, Margo exige muito do cérebro (e do coração?) de um cara. Ninguém sabe quem ela é de verdade e Quentin acha que é ele quem a conhece melhor. Mas será que é mesmo? Ele se vê sem saber se a menina por quem é apaixonado é a menina que todo mundo vê - popular, fútil, simpática e muito amiga -, se é quem ele achava que ela é - curiosa, inteligente e criativa - ou se não é nenhuma delas - talvez confusa, geniosa, generosa e solitária. Talvez seja um mistura de todas. Talvez seja egoísta. Margo é uma personagem interrogação, uma metáfora assim como as suas cidades de papel. E isso é tudo que ela não quer ser: uma garota de papel em uma cidade de papel.
Por trás de uma história adolescente, com um trio de amigos muito engraçados, viagens de idas e voltas, pistas e a clássica estrutura do High School americano, John Green traz uma série de perguntas à tona e nos faz pensar no que separa sermos de carne e osso (e tudo o mais) ou sermos de papel.