Quando eu participei: A Revolta do Vinagre

20 de junho de 2013

Como vocês sabem estamos vivendo um momento muito especial na história do Brasil. Nossa juventude, a gente, está nas ruas. E nós queríamos, de alguma forma, falar sobre isso com vocês. Sobre a Revolta do Vinagre, sobre as reivindicações do povo contra o aumento das passagens do transporte público, o dinheiro supostamente gasto na Copa, a PEC37, a bagunça do Congresso Nacional... 

Conseguimos que os preços das passagens voltassem aos anteriores (com muito sacrifício, caras feias, spray de pimenta, hipocrisia e discursos de "haverão consequências"). Mas não vou fazer um post exatamente sobre essas coisas porque acho que não cabe aqui e, sinceramente, não sou polêmica. Só acho que devemos ir para as ruas sim, e que dá para mudar sim. 


O que eu vou contar é o que eu vi lá no 3º Ato Unificado em Niterói Contra o Aumento. E eu vou falar de coisas boas, de coisas bonitas e até de coisas divertidas, porque é para se levar a sério? É CLARO QUE É. Mas eu posso ser legal mesmo assim? POR FAVOR! Não vamos fingir que não somos da geração que somos. 

Enfim, cheguei no centro de Niterói - RJ por volta das 18h, e já estava tudo muito cheio. Quantos manifestantes eram? Não sei. Uns dizem 5 mil, outros 30 mil, outros mais de 50 mil. O que eu sei é que era muita gente. Lá do meio, não tem como se ver esse tipo de coisa, é claro. 

Para quem não conhece Niterói, a Amaral Peixoto é uma das principais avenidas da cidade. Ela fica bem no centro e dá acesso aos nossos terminais rodoviário e das barcas. A rua tem 1003m de comprimento por 20m de largura e simplesmente lotou (olha a foto dela aí). E tinha também um grupo bem grande que se separou e tentou subir a Ponte Rio-Niterói.

Pois bem, caminhamos, encontramos amigos, vimos muitos, muitos cartazes e rostos pintados de verde e amarelo e bandeiras nacionais. O pessoal no alto dos prédios piscava as luzes, jogava papel picado, pulava e cantava junto com a gente. Os manifestantes da rua cantavam "VEM, VEM PRA RUA VEM, CONTRA O AUMENTO!" e "OLÊ OLÊ OLÊ OLÁ, SE A PASSAGEM NÃO ABAIXAR, NIKITI NIKITI NIKITI VAI PARAR!". É estranho, mas esse é o apelido de Niterói.  Também cantamos o Hino Nacional. 

E eu estava lá, atenta a cartazes especiais:



Preciso dizer alguma coisa? Acho que não, mas direi mesmo assim

A Carol, com a blusa dos Targaryen e o cartaz Dracarys, estava comigo, as outras pessoas, encontrei por lá. Quando eu vi o OUÇAM-NOS RUGIR! eu comecei a pular e mostrar para todo mundo por lá, porque foi muito empolgante! Para quem não sabe Ouça-me Rugir! é o lema da Casa Lannister, a família loira, rica e má inteligente incrível  de Guerra dos Tronos. Para o das Horcruxes a gente teve que ficar tentando chamar a atenção do menino para ele virar para a gente e rolou aquele reconhecimento de fã de GoT com fã de HP. 

Vi outros cartazes bem dignos também. Não fiquei procurando nada que eu já não tinha visto no facebook, ok?


Não foi juquinha não. 

Foi uma experiência muito boa no final das contas. O que eu quero é mostrar quem é que está nas ruas: são jovens animados, às vezes nerds e fanáticos como nós. Brasileiros. Não são os bandidos que muitas vezes protagonizam os vídeos que vemos, são as pessoas que saíram do trabalho, do colégio (Pedro II, eu vi <3), da UFF faculdade (sem fa-cul-da-de!) e foram para as ruas se manisfestar de maneira bela e pacífica. 

E, mesmo porque eu quero mostrar como tem gente boa nas ruas, que eu preciso falar sobre as partes ruins, mas só um pouco. Eu fui embora pouco antes de começar a violência e bagunça, e foi como se os bandidos estivessem caminhando vários metros atrás de mim. Chegando no fim da rua, houve a primeira bomba (não sei qual, não sei onde, não sei o que era capaz de provocar, só ouvi o barulho) e as pessoas começaram a correr. Parabéns às pessoas corajosas e controladas que sempre apareciam com suas posturas seguras para gritar "Calma, não corre" e puxar o canto de "Sem violência". Eu me sentia segura enquanto estava cantando isso. Engraçado. Houveram outros estouros parecidos, pessoas correram de novo, mas participar de um bloco de pessoas travando uma esquina e cantando Sem violência foi simplesmente lindo. E eu agarrei os braços dos amigos enquanto eles diziam "calma, Marcelle" e riam um pouquinho de mim.

Não quero falar o que eu acho sobre esses boicotes às manifestações, porque não são coisas educadas a se dizer, mas eles são ruins. Gás lacrimogênio é uma coisa muito forte e cheiro de vinagre também. Logo que comecei a voltar, senti o cheiro do vinagre, então passaram pessoas com olhos muito vermelhos e meu nariz e meus olhos começaram a arder. Entendam que eu estava muito longe da confusão e eu não vi o caos de verdade, eu só ouvi e senti. Foi a hora que eu pensei "a civilização já está acabando por hoje" e fiquei extremamente frustrada. Porém o movimento não acabou, e além de ir para a rua, há outras formar de ajudar. Por exemplo, se você mora em uma região que está rolando manifestação, libera o seu wi-fi! O importante agora é não parar. Por que há, a gente não está na rua por vinte centavos. A gente está na rua pelos nossos direitos.

#hojevaisermaior #vemprarua #semviolência. 

Beijos, 
Celle. 
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