Graceling conta a história de Katsa, uma jovem nada convencional da família real de Middluns, um dos sete reinos. Ela é uma graceling, uma pessoa que possui olhos de cor diferentes e um dom especial, que poderia ser desde o dom da batalha até o dom de cantar. Mas Katsa é muito mais interessante do que isso. Ela possui o dom de matar. Só que no seu reino, os Gracelings dotados com os dons mais uteis estão sempre a serviço do rei. Assim, ela está constantemente sendo enviada pelo tio, o Rei Randa, para punir os cidadãos que ousam desafiar sua autoridade. E, embora odeie fazê-lo, ela não se sente em posição para dizer não. E sua pequena rebelião começa quando começa a agir por detrás dele, consertando problemas aqui e ali nos sete reinos. Ela funda o Conselho e a vida começa a parecer melhor.Graceling é um livro dividido em três partes e, embora eu tenha gostado de todas elas, minha empolgação foi diminuindo consideravelmente a cada uma. A primeira mostra Katsa nos Middluns com seus mistérios, cumprindo seus deveres, agindo com o Conselho e sondando o graceling recém-chegado à sua corte, o Principe Verdejante, do reino distante de Lienid. Essa é a melhor das três partes. Na segunda ela se junta a Po, o príncipe, e o ajuda a procurar respostas para resolver o mistério do sequestro do avô do príncipe, e a terceira narra como tudo se resolve, e as consequências da resolução.
Uma das adoráveis diferenças de Graceling para os livros atuais é que nele, os dons não são relacionados ao sobrenatural. É biológico, explicado pela lógica e, em alguns casos, até mesmo inútil.
Com tudo isso, Graceling tinha tudo pra ser um livro ótimo, mas por algum motivo não é. Não me entenda mal, não é um livro ruim. Mas não chegou a me empolgar como deveria. Não até o final, pelo menos. E olha que o Po é até bem divertido. E o Raffin terá meu coração pra sempre (eu queria que ele aparecesse mais, no entanto). E eu posso perdoar a ignorância da Katsa, tentar entender seu relacionamento com Po, e me empolgar de verdade com a construção da história, cheia de mistérios, de descobertas, mas fica faltando alguma coisa.
Na verdade, o que mais me incomodou no livro foi a maneira como a Kristin resolveu as coisas. Conforme avançamos os capítulos, vemos um grande problema surgir, algo que levaria o livro de fato a um outro patamar de ação (e diversão), algo tipo o fim do mundo como ele é nos sete reinos. Mas de repente, puff, o problema acabou. Isso me irritou muito. Como se alguém tivesse dito "hey, o livro precisa acabar" e qualquer coisa tivesse sido feita. E bem, se é o final de um livro, principalmente de uma história tão diferente e interessante, que faz parte de uma série, qualquer coisa é tudo o que não poderia ter sido feito. É um pouco decepcionante, por que ele é bem construido, como que liberando informações aos poucos pra você montar o quebra-cabeça da história, e a narração é detalhada, rica, gostosa de acompanhar. Me senti viajando pelos reinos com os protagonistas, sentindo seu medo e suas paixões, e então... puff.
Mas bem, Graceling - O Dom Extaordinário é o primeiro de uma série, e eu pretendo sim ler os próximos. Mas, para minha surpresa, quando pesquisei para fazer o post eu vi que os próximos livros não vão exatamente acompanhar Po e Katsa em novas aventuras. O segundo livro, na verdade, conta a história das origens de Leck, o rei vilão de um só olho, em eventos que aconteceram muito antes do narrado em Graceling. Só no terceiro volume, que ainda está sendo escrito, chamado Bitterblue, Po e Katsa retornam, mas não como protagonistas. Nesse, a heroína será nada mais, nada menos que a própria Bitterblue, a fofa princesa de Monsea. Pra esse eu estou empolgada, pois Bitterblue é uma de minhas personagens favoritas, ao lado de Raffin, o principe nerd dos Middluns.
Bem, bem, é um livro que eu recomendo sim, apesar de tudo. Não sei, acho que a maneira como ele é construído vale a pena, assim como o estilo da escrita e os personagens. Eu sou um pouco apaixonada por livros de aventura, meio épicos, então talvez seja por isso que eu saí um pouco decepcionada da leitura. Minhas expectativas estavam altas, o que sabemos que é sempre uma má idéia, quando se fala de livros
Então, é isso. Fui confusa? Espero que não.
Beijo, beijo,
Thai.