Graceling - O Dom Extraordinário, Kristin Cashore.

7 de setembro de 2011

  Então... difícil. Graceling foi um livro que eu tive a oportunidade de ler graças ao booktour de Literalmente Falando. Terminei a leitura semana passada e tentei marcar um 10 antes de escrever a resenha, por que estava meio em cima do muro quanto ao livro. Na verdade, ainda estou.
  Graceling conta a história de Katsa, uma jovem nada convencional da família real de Middluns, um dos sete reinos. Ela é uma graceling, uma pessoa que possui olhos de cor diferentes e um dom especial, que poderia ser desde o dom da batalha até o dom de cantar. Mas Katsa é muito mais interessante do que isso. Ela possui o dom de matar. Só que no seu reino, os Gracelings dotados com os dons mais uteis estão sempre a serviço do rei. Assim, ela está constantemente sendo enviada pelo tio, o Rei Randa, para punir os cidadãos que ousam desafiar sua autoridade. E, embora odeie fazê-lo, ela não se sente em posição para dizer não. E sua pequena rebelião começa quando começa a agir por detrás dele, consertando problemas aqui e ali nos sete reinos. Ela funda o Conselho e a vida começa a parecer melhor.
    Graceling é um livro dividido em três partes e, embora eu tenha gostado de todas elas, minha empolgação foi diminuindo consideravelmente a cada uma. A primeira mostra Katsa nos Middluns com seus mistérios, cumprindo seus deveres, agindo com o Conselho e sondando o graceling recém-chegado à sua corte, o Principe Verdejante, do reino distante de Lienid. Essa é a melhor das três partes. Na segunda ela se junta a Po, o príncipe, e o ajuda a procurar respostas para resolver o mistério do sequestro do avô do príncipe, e a terceira narra como tudo se resolve, e as consequências da resolução.
     Uma das adoráveis diferenças de Graceling para os livros atuais é que nele, os dons não são relacionados ao sobrenatural. É biológico, explicado pela lógica e, em alguns casos, até mesmo inútil. Você e o seu grande dom de dançar nos bailes. Então. Não é o caso de Katsa, é claro, que parece nunca se cansar, se ferir de verdade ou sentir fome. Uma guerreira nata, praticamente dotada com a infalibilidade. Uma vez em campo para matar, quem poderia detê-la? Ninguém poderia superá-la numa luta. Nem mesmo Po, cuja habilidade com combate também é algo biológico. Mas as lutas entre eles os deixa estasiados, e disso nasce uma amizade sólida, que evolui de algum modo baseada em confiança. De repente, Katsa tem alguém que quase a entende, e gosta da sensação. Parece desnecessário dizer que eles se apaixonam em algum ponto do caminho. É quase divertido, por que Katsa se recusa a aceitar esses sentimentos, com medo de perder o controle de si mesma e dos poderes, que aprendeu a prezar, enquanto Po é completamente honesto consigo mesmo e com Katsa em relação a eles.
   Com tudo isso, Graceling tinha tudo pra ser um livro ótimo, mas por algum motivo não é. Não me entenda mal, não é um livro ruim. Mas não chegou a me empolgar como deveria. Não até o final, pelo menos. E olha que o Po é até bem divertido. E o Raffin terá meu coração pra sempre (eu queria que ele aparecesse mais, no entanto). E eu posso perdoar a ignorância da Katsa, tentar entender seu relacionamento com Po, e me empolgar de verdade com a construção da história, cheia de mistérios, de descobertas, mas fica faltando alguma coisa.
    Na verdade, o que mais me incomodou no livro foi a maneira como a Kristin resolveu as coisas. Conforme avançamos os capítulos, vemos um grande problema surgir, algo que levaria o livro de fato a um outro patamar de ação (e diversão), algo tipo o fim do mundo como ele é nos sete reinos. Mas de repente, puff, o problema acabou. Isso me irritou muito. Como se alguém tivesse dito "hey, o livro precisa acabar" e qualquer coisa tivesse sido feita. E bem, se é o final de um livro, principalmente de uma história tão diferente e  interessante, que faz parte de uma série, qualquer coisa é tudo o que não poderia ter sido feito. É um pouco decepcionante, por que ele é bem construido, como que liberando informações aos poucos pra você montar o quebra-cabeça da história, e a narração é detalhada, rica, gostosa de acompanhar. Me senti viajando pelos reinos com os protagonistas, sentindo seu medo e suas paixões, e então... puff.
    Mas bem, Graceling - O Dom Extaordinário é o primeiro de uma série, e eu pretendo sim ler os próximos. Mas, para minha surpresa, quando pesquisei para fazer o post eu vi que os próximos livros não vão exatamente acompanhar Po e Katsa em novas aventuras. O segundo livro, na verdade, conta a história das origens de Leck, o rei vilão de um só olho, em eventos que aconteceram muito antes do narrado em Graceling. Só no terceiro volume, que ainda está sendo escrito, chamado Bitterblue, Po e Katsa retornam, mas não como protagonistas. Nesse, a heroína será nada mais, nada menos que a própria Bitterblue, a fofa princesa de Monsea. Pra esse eu estou empolgada, pois Bitterblue é uma de minhas personagens favoritas, ao lado de Raffin, o principe nerd dos Middluns.
    Bem, bem, é um livro que eu recomendo sim, apesar de tudo. Não sei, acho que a maneira como ele é construído vale a pena, assim como o estilo da escrita e os personagens. Eu sou um pouco apaixonada por livros de aventura, meio épicos, então talvez seja por isso que eu saí um pouco decepcionada da leitura. Minhas expectativas estavam altas, o que sabemos que é sempre uma má idéia, quando se fala de livros e filmes e pessoas. Acho que esperava algo grande, ou pelo menos algo mais emocionante. Mas eu acho que é um livro que vale a pena ser lido, nem que seja só pra ver a Katsa aceitando a si mesma e aceitando o dom dos outros, vê-los crescer, lidando com sua realidade. O livro é cheio de pequenas mensagens, pequenas morais. Eu gostei disso, particularmente.
   Então, é isso. Fui confusa? Espero que não.
   Beijo, beijo,
   Thai.
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