Título: A Esperança
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco - Jovens Leitores
Páginas: 421
Primeiro preciso deixar uma coisa muito clara
aqui. Se você não leu Jogos Vorazes e Em Chamas, essa
resenha conterá spoillers. Não vou fazer nem esforço pra me conter. Não to em
condições, gente. Mas prometo, vou
tentar (e conseguir, acredite em mim) não fazer nenhum desse volume, ok?
Enfim, sábado (ontem?) peguei com a Marcelle o
meu A Esperança, que compramos todas juntas no submarino, e, admito, protelei
pra começar a ler. Estou devidamente embarcada na releitura de Harry Potter, e
eu achei difícil largar o Sirius, ainda presente na Ordem da Fenix, pelo quê eu
sabia que seria uma chuva de sangue e morte de personagens queridos no capitulo
final de uma série que, desde o primeiro, vem aniquilando meus nervos (e os
personagens) um atrás do outro.
Mas não consegui
evitar e antes que percebesse estava virando as páginas compulsivamente e lendo
sem desgrudar meus olhos ou me mover na cama até cinco e meia da manhã (!). E
eu literalmente acabei de acabar, fechar o livro, e, mesmo que meu peito ainda
esteja pesado, se eu não digitar essa resenha agora, ela não sai nunca mais.
Depois de
escapar novamente da Arena com vida, resgatada no ultimo segundo por um plano
audacioso dos rebeldes, os sobreviventes do famigerado Distrito 13, Katniss
está vivendo fora do ar. Isso é por que, além das seqüelas físicas da fuga,
Catnip tem que lidar com os seus sentimentos em relação a Peeta, que ficou pra
trás, capturado pela Capital, e ninguém parece saber se ele está vivo ou morto.
Ela não consegue se perdoar nem voltar a pensar com clareza depois disso, mesmo
estando ela mesma segura agora, vivendo no 13 com a família e o amigo Gale.
Mas a vida
continua nos distritos e a fuga de Katniss e dos outros tributos da arena no
Massacre Quaternario foi só o começo da guerra que os rebeldes agora travam com
a Capital. Katniss é fundamental. Ela é o Tordo. Ela é a revolução. E, querendo ou não, precisa tomar posição. Ela
hesita, sem saber em que ou em quem confiar, agora que Haymitch traiu sua
confiança e deixou Peeta pra trás, mas é justamente ele, Peeta, que a faz tomar
a decisão final. A capital tem que cair. E a guerra começa.
Uma palavra? Cruel. Cruel mesmo. Me senti
constantemente torturada enquanto lia Esperança, mas ainda sim não fui capaz de
largar o livro. Suzanne Collins tem um dom. E com sua narrativa arrebatadora e
detalhada, sem ficar chata, seus personagens tão queridos, tão confusos, tão
cheios de defeitos, não me resta nada a fazer a não ser bater palmas de pé para
o ultimo livro da saga Joga Vorazes, que me fez acabar com um gosto amargo na
boca e o peito carregado de emoções.
Katniss está simplesmente
sensacional, mesmo desorientada, agora que deixou pra trás a hesitação de JV e
a depressão de Em Chamas. Ela não só representa o tordo, ela é. E as batalhas,
o medo, a psicologia e a crueldade estão expostas diante dos seus olhos e,
mesmo cambaleante, ela vai em frente, dá o grito de guerra e parte para a
batalha – ou o mais próximo que ela pode chegar dela.
Temos também, é
claro, uma chuva de novos personagens, pessoas do 13 que agora fazem parte da
vida da Katniss. Os tributos que restaram enchem meus olhos d’agua sendo
lindos, e Prim deixa de ser a criancinha que Katniss protegia pra ser uma
personagem de verdade, cheia de sua própria historia. Posso praticamente
senti-la, não por que ela aparece mais, mas por que evolui de tal forma que parece
ter vida própria. Não é mais figurante de ninguém, a Prim. E o Gale, cujas
participações vinham sempre através das memórias da Catnip e de pequenos
trechos no começo da historia, de repente se revelou sólido, e em minha mente
seus contornos são muito claros. Gosto dele. E não quero nem falar do Peeta.
Tudo ao redor dele mexeu comigo de maneira inimaginável, e eu me vi sofrendo
como uma condenada, agonizando enquanto lia, punhos apertados.
Suzanne faz tudo parecer muito real. A guerra
é tão bem descrita, e ainda sim tão dinâmica, tão confusa, que posso ver os
flashes na minha mente. Toda a crueldade, os ideais, as pessoas, as mortes, os
horrores estão na minha mente de maneira quase indecentemente visual, e eu
estou, como aposto que era mesmo pra estar, pensando sobre as nossas próprias guerras,
as reais, e ficando com medo da capacidade das pessoas. Quero achar que jamais chegaríamos
a pontos tão extremos. Você vê, é um ponto há discutir, e isso é ótimo, sendo
Jogos Vorazes voltado pro publico jovem. Há um bocado de verdade nas linhas
distópicas de Suzanne Collins. Estou em choque pós leitura, pode acreditar.
Se ainda não ficou claro, o livro é incrível. É
indescritível como a leitura vai levar você a uma sensacional gama de
sentimentos, pensamentos, reflexões. E aqui estou, peito carregado como se eu mesma
estivesse estado na guerra. Como se não passado a noite em meu quarto, lendo,
mas presenciando reviravolta atrás de reviravolta, as quais só Suzanne Collins
pode tirar da manga sem que você tenha previsto nada antes. Meu coração
descompassou demais essa noite. Então, se você já leu os dois primeiros, corra
com a sua vida pra mergulhar no terceiro. Se ainda não, vá agora pegar no
primeiro.
E que a sorte esteja sempre a seu favor.
Beijo, beijo,
Thai.