O Filho de Ester é um lançamento da Editora BestSeller que chegou para o Três Lápis de parceria no finalzinho de Janeiro.
Nele, acompanhamos a vida de três famílias, entre 1938 e 1983. Entre as famílias estão Ester e Joseph Gal, judeus que perderam vários entes queridos no holocausto; George, Mary e Demetrius Antoun, árabes que são obrigados a abandonar suas casas; e a família Kleist, cujo patriarca é um ex-oficial alemão assombrado pelos horrores cometidos na guerra.
Eu adoro romances históricos e, sem dúvida, O Filho de Ester é um prato cheio para quem gosta do estilo. Começando com os problemas do holocausto e seguindo até a guerra pela Palestina, um assunto que acho pouco explorado e que nunca havia lido um livro sobre. Os vários pontos de vista apenas enriquecem o livro e é notório que Jean Sasson soube trabalhar com todos eles com muito cuidado. Diferentemente da maioria dos livros com várias histórias, cada família tem uma boa parte dedicada a si, como 100 páginas ou mais, em vez de cada capítulo ser sobre uma delas. Desse modo, com grandes passagens dedicadas a cada um dos personagens, eu simpatizei igualmente com todos e com seus problemas. Afinal, guerra é um assunto muito forte e repleto de perdas para todos os lados.
No entanto, acho que a força que o livro tem na parte histórica é muito maior do que a do enredo em si. Na verdade, achei a história muito no estilo novela das 9. Não achei a surpresa final muito especial e era bem óbvio que tudo ia dar certo. Para mim, a história criada pela autora se arrasta em vários pontos do livro e, lá para o final, quando as coisas começam a ficar mais animadas e os rumos das três famílias se cruzam, ficou muito corrido. As partes mais emocionantes do livro são, sem dúvida, as histórias das guerras em si, que marcaram cada um dos personagens. Acho que a autora poderia ter se preocupado mais com o enredo, ou torná-lo ou pouco menos previsível, para tornar o livro mais atraente para quem não é fã de romances históricos. Sinceramente, acho que os momentos mais emocionantes ficaram por conta das descrições e horrores da guerra e foi nesse ponto que o livro ganhou mais pontos comigo. É impossível não se sensibilizar com esse tema e acho que a autora fez um ótimo trabalho.
Por fim, o livro me decepcionou um pouco. A narrativa foi bem lenta em alguns momentos e achei um pouco novelesco, como falei. Mesmo assim, para quem gosta do gênero, acho que vale a pena conhecer. Até porque poucos livros falam do Oriente Médio (enquanto muitos falam sobre o holocausto) e acho que é uma parte da história bastante interessante. No entanto, para quem ainda não está habituado com o gênero, sugiro começar por outros, mais leves e rápidos, como O Menino do Pijama Listrado e, se gostar, aí sim ler O Filho de Ester.
beijos,
Julia