A Visita Cruel do Tempo
Jennifer Egan
Editora Intrínseca
335 páginas
A Visita Cruel do Tempo é um livro tão diferente que acho difícil até dizer qual a sua história.
Nele, lemos 13 capítulos, cada um com um personagem como central e cada um em um momento da vida deles. Esses personagens se interligam de algum jeito, seja quando jovens ou mais velhos, sendo que as conexões mais fortes são com Bennie, um executivo da indústria musical, e Sasha, sua assistente cleptomaníaca.
Esse livro foi muito incrível de várias maneiras, para mim. Primeiro, como já falei, são 13 capítulos com personagens diferentes como foco principal. Grande parte dos personagens tem uma personalidade bem complexa e instigante, muito diferente dos que estamos habituados. Cada um deles tem sua história narrada de um jeito. Algumas em primeira pessoa, outros em terceira, outros em power point (sim! e foi uma das minhas partes favoritas). E é possível sentir a diferença de narração também entre os que estão em primeira pessoa e por aí vai... A autora soube trabalhar com vários tipos de narrativa muito bem. Além disso, o livro é em desordem cronológica e daí vem as conexões entre os personagens. No início pode parecer confuso, mas quanto mais se sabe da história, mais vemos os pontos se ligarem e fica muito
Com esse estilo de funcionar em várias pequenas histórias, dá para notar que o foco do livro não será a vida de um personagem, mas de todos eles. A maior parte tem uma certa tendência a autodestruição e os acompanhamos jovens, cheios de esperanças, e mais velhos, arrependidos de várias escolhas. Eu simplesmente amo livros, filmes e todo tipo de arte desse jeito, que tem uma sensibilidade para falar sobre a vida em vez de focar em um único personagem.
Além disso, o livro é bem atual, falando bastante de tecnologia e como lidamos com ela. Afinal, há vários livros que são só de e-mails e outros que nem falam de Facebook. Nesse eu senti uma pegada diferente, mas bem mais natural.
Além disso, o livro é bem atual, falando bastante de tecnologia e como lidamos com ela. Afinal, há vários livros que são só de e-mails e outros que nem falam de Facebook. Nesse eu senti uma pegada diferente, mas bem mais natural.
"A língua inglesa estava cheia dessas palavras vazias (...) Algumas, como, por exemplo, 'identidade', 'busca' e 'nuvem', tiveram claramente sua vida exaurida pelo uso da internet"
No entanto, apesar de ter gostado bastente da leitura, do estilo e das ideias de Jennifer Egan, eu não amei o livro. Ele foi de leitura rápida, até porque não é uma história contínua. Mas não achei os personagens tão interessantes assim, a ponto de gostar deles. Talvez tenha sido proposital, até porque eles parecem sempre destruir suas próprias vidas e isso te fazer acreditar que não vai ter final feliz para ninguém, a vida deles não vai chegar a lugar nenhum. Então eu não torcia por eles, eu simplesmente os assistia. Foi esse ponto que empolgou menos no livro, mas ele continua sendo muito bom.
Acho que, quem já se interessou por ele - até porque foi um livro bastante comentado por ter ganhado muitos prêmios - deve ler sim. Só não indico de olhos fechados porque ele, para mim, foge do comum, então não é o tipo do livro que eu ponho a mão no fogo e garanto que todo mundo vai gostar. Acho a leitura super válida para conhecer um livro com formato e propósito diferentes. E, claro, com um capítulo inteiro em slides.
beijos, Julia :))